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Espelho quebrado

A vaidade pode ser tanto uma aliada da auto-estima quanto um veneno. Tudo depende de como se lida com ela. Quando ultrapassa o limite do bom senso, o excesso de preocupação com a aparência pode se transformar numa doença psiquiátrica com a qual especialistas começam a se alarmar - a dismorfia corporal. O tema foi debatido no 63º Encontro Anual da Academia Americana de Dermatologia, realizado em New Orleans. Estudos mostram que 7% dos pacientes que procuram tratamentos dermatológicos e cirurgias plásticas apresentam a síndrome. O astro pop Michael Jackson e a cantora Cher são citados por especialistas como ícones do exagero e possíveis dismórficos.

A dismorfia corporal é mais uma das doenças ligadas ao físico que se difundiram nos últimos anos. A mais conhecida é a anorexia, que leva meninas e mulheres a não comer por pânico de engordar. Menos neuróticos com a balança, os homens são vítimas da vigorexia, que faz os sarados e musculosos se achar fracotes. Já a dismorfia corporal atinge homens e mulheres na mesma proporção. Acreditar que pequenos defeitos, como uma pinta no rosto ou uma pequena cicatriz, são monstruosos é uma das características do problema. Passar mais de uma hora por dia na frente do espelho também indica algo errado. Mais grave ainda são aqueles que têm a feiura imaginária. Não há nada perceptível, mas o doente jura que sim, que todos olham para sua deformidade. Ele se submete a todo tipo de tratamento dermatológico, estético e cirurgias plásticas mesmo sem precisar. ''É uma situação que piora muito a qualidade de vida'', destaca a dermatologista e cosmetóloga Patrícia Rittes, que esteve no encontro americano. ''A ansiedade se torna depressão e acaba gerando um isolamento'', explica.
Reprodução


DOENTES
Eternos insatisfeitos com a própria imagem, Cher e Michael Jackson já fizeram várias plásticas, principalmente no nariz. A americana Jennifer Burton (acima), de 28 anos, fez 26 intervenções em seu corpo e acha que ainda precisa de mais.


A patologia não é nova. Vem sendo diagnosticada desde 1987 e foi descrita pela primeira vez há meio século. O distúrbio, porém, evoluiu. Hoje, os médicos sabem que, se não tratado, o paciente pode chegar ao suicídio. A doença é uma variação do Transtorno Obsessivo Compulsivo. ''Quem tem um amigo ou familiar com traços da síndrome não deve encarar como futilidade ou uma idéia delirante. Muitos sentem vergonha e não sabem como pedir ajuda'', alerta a psiquiatra Jocelyne Levy Rosenberg. O tratamento é psiquiátrico, com terapia e antidepressivos. Para os especialistas, parte da culpa de doenças como a dismorfia corporal, a anorexia e a vigorexia é da sociedade, que vende corpos perfeitos como ideal de beleza. ''Assim, o paciente se torna um eterno insatisfeito. Quer mudar toda hora alguma coisa. Se o médico não faz, ele procura outros, até encontrar um que tope'', diz o cirurgião plástico Marcelo Gandelmann.

Nos Estados Unidos, país recordista de cirurgias plásticas e tratamentos estéticos, o problema vem sendo encarado com seriedade. Afinal, são muitos casos como o de Jennifer Burton, uma americana de 28 anos de idade que já fez 26 intervenções em seu corpo. Jennifer contou sua história no programa The Oprah Winfrey Show. Sua obsessão começou quando o ex-marido disse que ela tinha nariz grande. Depois de uma primeira plástica, fez lipoaspiração e não parou mais. Já gastou mais de US$ 100 mil com procedimentos que vão de Botox a implantes nos seios. ''Eu queria ter o nariz fino do Michael Jackson, o maxilar da Jennifer Aniston e o corpo da Jennifer Lopez'', contou ela, que é chamada pela filha de ''Barbie''.
7% dos pacientes que procuram tratamentos estéticos sofrem de dismorfia


Jennifer reconhece ser vítima da dismorfia e está fazendo tratamento. Mas, apesar do psiquiatra tê-la mandado parar com as plásticas, ela ainda acha que precisa de mais. No Brasil, segundo no ranking mundial de plásticas, não faltam exemplos como o de Jennifer. Um deles é o da gaúcha Juliana Borges, que, em 2001, foi eleita Miss Brasil. Naquela época, com apenas 22 anos, Juliana já tinha feito 19 intervenções na silhueta. E não descarta a possibilidade de fazer outras.

EXAGERO A Miss Brasil Juliana Borges fez 19 intervenções na silhueta


Visando descobrir vítimas da dismorfia entre seus pacientes, 25 dermatologistas de São Paulo estão aplicando um questionário antes das consultas. ''É preciso ficar alerta para evitar que uma pessoa muito vaidosa caia na armadilha da vaidade extrema. Existe um limite entre se gostar e ultrapassar o saudável'', explica Patrícia Rittes, que faz parte do grupo.

Alguns casos merecem atenção. A tradutora Lybia Mattos Cardoso Salles, de 55 anos, é uma mulher bonita que soube preservar a beleza com cuidados diários, cosméticos de última geração e tratamentos preventivos. ''Sou uma vaidosa assumida. Adoro me cuidar e sinto prazer quando as pessoas não acreditam na idade que tenho'', diz. Ela jura que nunca deixou de sair ao notar uma ruga no espelho. Mas confessa que, às vezes, se acha feia. ''Quando não gosto do que vejo no espelho, isso me frustra.'' Ela gasta cerca de R$ 400 por mês com hidratantes, peelings, injeções e toda novidade que retarde o envelhecimento. Não se considera obcecada, mas perfis como o de Lybia passam a ser alvo de pesquisa dos especialistas.BELEZA PERIGOSA
Excessos que podem indicar dismorfia corporal

1. Acreditar que uma mancha, pinta ou cicatriz é um defeito grave, em que todos reparam.
2. Submeter-se a todo tipo de tratamento dermatológico e cirurgias plásticas, mas nunca estar satisfeito.
3. Apresentar ''feiura imaginária'', ou seja, achar que tem um defeito que não existe.
4.A doença aparece por volta dos 20 anos e atinge tanto mulheres quanto homens.
5.O tratamento é psiquiátrico com terapia e antidepressivos.

FONTE: REVISTA ÉPOCA (28/04/2005  | Edição nº 363).


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