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Trânsito Escola

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Os outros são sempre os culpados?

1) A quem culpar?

R: Muitos dizem “a culpa de minha situação se deve a minha família” como justificativas do estado econômico, emocional. Por analogia poderíamos afirmar que filhos nascidos em famílias de alto poder aquisitivo e estruturados emocionalmente não trilhariam o caminho do tóxico, da criminalidade. Muitos menos os nascidos em comunidades carentes onde são desprovidos das necessidades básicas e de infraestrutura emocional teriam filhos que jamais trilharam o caminho da conduta cívica, altruística, honrada.

2) O fator genético familiar contribui para os estados mentais de empatia e apatia, pobreza e riqueza?

R: Muitos estudos tentaram provar o fator genético como determinante na conduta da prole. No filme “Crianças do Amanhã”, de 1939, uma jovem mulher deseja se casar com seu namorado e criar uma família, mas porque sua família foi considerada “defeituosa” por parte das autoridades de saúde estaduais - os pais são alcoólatras preguiçosos que continuam a ter filhos, e vários de seus irmãos e irmãs problemas mentais -, ela é ordenada por um tribunal a ser esterilizados para que a sua família "de genes defeituosos" não repassem mais os “genes defeituosos”.

Francis Galton utilizou a obra de seu primo Charles Darwin para elaborar os primeiros conceitos de Eugenia, baseado na Origem das Espécies, onde era citada a seleção natural, Galton sugeriu a seleção artificial: esterilização de mulheres com propensões a gerarem filhos criminosos, alcoólatras. O filme Crianças do Amanhã não é ficção, mas realidade. Em pleno século XX os EUA usaram a eugenia como forma de controle para se evitar o nascimento de criminosos, defeituosos etc. Não é à toa que Hitler ganhou forças em seus discursos contra os judeus, negros, prostitutas e deformados usando a teoria de Francis dentro e fora da Alemanha – até matava os alemães que tinham doenças físicas e mentais levando os próprios alemães mais tarde a se rebelarem contra o “salvador”.

O termo Eugenia foi criado por Francis Galton, em 1883, e significava bem nascido. A Eugenia consiste, basicamente, em procurar, através da ciência, maneiras de acelerar a evolução da espécie humana de maneira artificial. O melhoramento genético, através da Eugenia, não é seu único fundamento, ela também proíbe a mistura de raças como forma de melhoramento genético, qualifica o pobre como responsável pela sua situação financeira, uma pessoa incapaz de progredir. Dentro desses parâmetros, a Eugenia foi dividida em duas partes, a chamada Eugenia positiva e a Eugenia negativa. A Eugenia Positiva incentivava as famílias geneticamente perfeitas a ter mais filhos, enquanto a Eugenia negativa achava que pessoas deficientes, de baixo QI, pobres e outras menos favorecidas, não deveriam se reproduzir.

A Eugenia foi patrocinada pelos maiores magnatas norte-americanos como Rockfeller, ou gênios da literatura como H G wells. Nos postos alfandegários era traçado o futuro de italianos, índios ou outras raças, podendo ser deportados ou esterilizados, impedindo que pudessem ter filhos.

Em 1869, Galton publicou o livro Hereditary Genius, “em que pretendia demonstrar, por meio de genealogias e estatísticas simples, que as aptidões humanas seriam função da hereditariedade, não da educação”. Ele defende em seu livro que a espécie humana poderia ser melhorada, da mesma forma que criadores de cães e cavalos realizam seleção de características que lhes são convenientes.

Em 1883, um ano após a morte de Darwin, Galton criou o termo eugenia (que em latim significa “bem nascido”) para definir o “ramo da ciência” responsável pelo controle da descendência entre os seres humanos.

Segundo Galton, seria possível aperfeiçoar a espécie humana em uma nação se o Estado programasse medidas para controlar a transmissão das características herdadas, estimulando que os indivíduos e as “raças” consideradas eugênicas “aumentem a produtividade dos melhores estoques”, inclusive fazendo uso de incentivos financeiros.

Igualmente importante seria a necessidade da implantação de limitações à liberdade de casamento, para impedir que a parcela da população considerada “inadequada” pudesse continuar transmitindo seus estoques hereditários para as gerações futuras.

É importante ressaltar que Darwin não endossou as ideias de seu primo em favor da hereditariedade da inteligência dos seres humanos, recusando-se a aceitar que sua teoria pudesse ser usada para justificar o controle reprodutivo humano. Em carta a Galton, Darwin escreveu: “os homens pouco diferem entre si quanto ao intelecto, e só se distinguem pelo grau de zelo e constância que exibem em seu trabalho”.

A eugenia positiva e negativa

A eugenia considerada negativa tinha como objetivo diminuir o número dos indivíduos “inadequados”, incluindo aí medidas de esterilização e controle populacional. Estas classes, “que se reproduziam nos cortiços e favelas, os desempregados permanentes, os alcoólicos pobres, os doentes mentais internados em asilos de insanos – e suas supostas inadequações hereditárias” eram o alvo da eugenia negativa. Já a eugenia positiva tinha como objetivos a orientação aos casamentos e o estímulo à procriação dos casais considerados eugenicamente aptos. Entretanto, apesar dessas tentativas de uniformizar sua atuação por todo o planeta, a aplicação da eugenia variou bastante de país para país. Apresentou um caráter mais “duro”, negativo, em países como EUA e Alemanha, enquanto que em outros países como França e Brasil, apresentou um caráter menos agressivo contra os direitos individuais.

A eugenia sempre foi praticada desde os primórdios humanos. Os nômades sacrificavam os idosos porque não tinham condições de se locomoverem depressa. Quando o número de nascimento colocava em risco o grupo pela escassez de alimentos aplicavam o aborto. As tribos primitivas e até na Idade Média os filhos eram preferidos já que mulher não tinha força e resistência para segurar espada – algumas alcançavam 1 kg -, carregar escudo.

Se as teorias dos eugenistas fossem verdadeiras não veríamos pessoas, no Brasil, por exemplo, conseguirem melhorias na qualidade de vida: Luciano e Camargo e outros nordestinos. Indo mais além não poder-se-ia dizer que Einstein seria o pai da física moderna uma vez que tinha dificuldades com a matemática – e mesmo quando se tornou um grande físico ainda assim tinha dificuldades com a matemática; as descobertas científicas foram mais pela imaginação do que cálculos. Aliás, a psicologia tem descoberto que muitos dos gênios tinham problemas emocionais e alguns distúrbios psíquicos: Leonardo da Vince; Pascal; Eça de Queiroz. Se a eugenia fosse aplicada realmente não teríamos os gênios, inventores.

Outro fator que contradiz as afirmativas dos eugenistas quanto aos negros etc. é ver que a humanidade “nasceu” na África. Outra. Se a cor da pele fosse decisiva na constituição de criminalidade ou não jamais veríamos brancos ladrões e negros pacíficos.

3) Se o fator genético não é decisivo na constituição do novo ser é certo que o meio ambiente contribui para formação de pessoas sadias ou não psiquicamente?

R: Mais uma vez há discordâncias. Como explicar que pessoas nascidas em berços de ouro sejam estupradores, criminosos potenciais, os que nasceram na miséria material e moral tenham criado ONGs para ajudar as demais pessoas numa demonstração de solidariedade? O meio atua, mas não determina a conduta do ser.

No RJ se vê a criminalidade do tráfico de drogas. Na maioria dos traficantes se veem adolescentes. Se o meio fosse determinante todos os adolescentes estariam envolvidos com o tráfico de drogas. René, jovem de dezessete anos e morador do Morro do Alemão é um dos muitos exemplos em que o meio age, mas não o é determinante.

4) Então a educação de nada vale para a formação do ser?

R: Negá-la é o mesmo que negar a lei da gravidade. A moderna psicologia tem demonstrado junto com a sociologia que a educação é primordial para moldar condutas. Nos primeiros anos de vida de um ser humano - até os 7 anos de idade - é clara a manifestação da personalidade. Sim. Todos os seres humanos já nascem com personalidade própria, isto é, sem a influência de conceitos culturais. Algumas crianças são quietas, outra alvoroças e algumas no meio termo. Com valores humanísticos (anti: racismo, sectarista) há de condicionar nos primeiros anos de vida da criança o respeito a qualquer pessoa indiferente a raça, credo, sexo. Com o desenvolvimento cerebral na adolescência e continua valorização do ser humano independente da estratificação social, da cor etc., ver-se-á um ser com grandes chances de ser empático na totalidade do pensar e agir. Em contrapartida uma criança criada e ensina com valores racistas, preconceituosos há de ter estas ideias como verdadeiras. Porém, a influência cultural age, mas não determina. Quando adulto e tendo possibilidades de ter novos conhecimentos os valores antigos irão sendo questionados. Mas a modificação é atributo exclusivo da personalidade do ser individual. Como Sócrates disse “Conheça-te a ti mesmo”.

5) Então, aquém culpar pelos desatinos da vida?

R: Muitos acham que as próprias famílias são causadoras dos dissabores. Seria uma verdade se o individuo estivesse preso, algemado pela família. Mas como ser pensando e desejoso de liberdade iria logo procurar soluções para se libertar. Todos têm capacidade de moldar o destino. “Sou pobre porque nasci em família pobre”. “Sou rico porque nasci em família rica”. “Sou burro porque meus pais não tiveram escolaridade”. Se fossem verdades a determinação da condição familiar jamais poderia ser mudada frente à carga genética, valores comportamentais e situação socioeconômica. Sempre é mais fácil culpar a família, as demais pessoas pelos insucessos do que a si mesmo: indolências, medos.

6) Mas a moderna psicologia afirma que famílias desestruturadas emocionalmente contribuem para filhos com problemas de personalidade.

R: Não há demérito na afirmação dos nobres estudiosos de comportamento humano, mas há de considerar que é o ser com sua personalidade que somará ou não as condutas familiares. Se a afirmativa fosse plena não ver-se-ia filhos não alcoólatra em famílias alcoólatras; pais racistas tendo filhos defensores dos direitos humanos. As condições familiares e culturais contribuem para a formação, mas não determinam. Isto não quer dizer que não se deva dar importância e muito menos ajudar famílias com conflitos comportamentais ou algum membro desajustado quantos aos valores humanitários.

A leitura que faz discernir sem apelos sectaristas ou racistas, as palavras alheias sem qualquer unilateralidade de conceitos egolátricos há de colaborar na ampliação de conhecimento do ser e o fazendo discernir. Por que achas que os ditadores manipulam opiniões, livros?

Para terminar. Os familiares que reclamam de suas próprias famílias, o que fizeram para ajudar no sadio comportamento de todos? É fácil condenar demonstrando projeções da própria condição, personalidade, que há dentro do indivíduo. Aquele que coloca caos, intrigas e desavenças já demonstra a verdadeira personalidade. Bem diferente da pessoa que fala um “mal”, mas para defender membros familiares quando do real perigo. Outro ponto fundamental é o comportamento extensivo da pessoa as demais pessoas. Quem quer verdadeiramente ajudar – empatia – sempre buscará o entendimento familiar; o apático sempre justificará as condutas contra alguém pela premissa de sempre estar correto e as demais pessoas erradas. O que mata é o ego perverso e cheio de complexo de inferioridade.

Sempre é mais fácil apontar os erros alheios que ver os próprios. Na verdade os erros alheios são vistos pela ótica de quem os tem numa perfeita simetria de projeção.


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