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O fator genético é importante para os relacionamentos?

Questão de comportamento familiar e personalidade individual

Há muito tempo me deparei com uma situação estranha e mais tarde vi que muitos usam uma concepção arcaica e perigosa. Quando duas pessoas se conhecem há uma que deseja saber como é o relacionamento entre a pessoa interpelada e sua família.

Lembrei-me de uma passagem na história humana, uma passagem negra que deu origem a uma crueldade mundial como aconteceu na Alemanha Nazista. Sei que será retórico, mas se faz necessário para a compreensão do tema que quero desenvolver.

Eugenia. Alguém já escutou? O que propõem a eugenia ou eugenistas? Como surgiu? Quais as consequências na vida humana e seu legado?

Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente. A melhoria aconteceria pela manipulação genética. O tema é bastante polêmico, principalmente depois do surgimento da eugenia nazista de Hitler cuja ideologia de pureza racial no Holocausto. Mesmo se aplicando a utilização de técnicas de melhoramento genético usadas atualmente em plantas e animais, ainda existem discussões éticos quanto ao uso em seres humanos - alguns cientistas confirmam que é impossível mudar a natureza humana (a personalidade ou alma, essência de uma pessoa através de mudanças no código genético).

Desde seu surgimento até os dias atuais, diversos filósofos e sociólogos declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a discriminação de pessoas por categorias, pois ela acaba por classificar os indivíduos como aptas ou não aptas para a reprodução. Disso também há a ideia de que pais conflituosos em suas relações geram filhos que poderão ter dificuldades nos relacionamento amoroso e até problemas com a justiça.

A teoria de Francis Galton foi derrotada pelo argumento da genética mendeliana. Mas Galton para manter suas afirmações científicas apelou para a religião. Um dos fatos mais marcantes foi que a própria família de Galton começou a fazer experimentos entre eles mesmos para provarem a eficácia da teoria eugênica, isto é, praticaram o incesto (união sexual ilícita entre parentes consanguíneos, afins ou adotivos). Os resultados foram desastrosos. As maiorias dos descendentes nasceram com deformações físicas.

Filho de peixe, peixinho é

É um ditado popular que diz que os filhos são o que os pais são. Muito taxativo e até preconceituoso tal afirmação. É muito usado por certas pessoas da elite que apregoa que pessoas nascidas em locais paupérrimos e de baixa escolaridade são pessoas sem civilidade. De certa maneira há uma eugenia sem o uso de esterilizações – como foi feito nos EUA em 1939 (ver filme sobre eugenia em Tomorrow's Children, de 1934) – contudo há um preconceito e, consequentemente, afastamento de pessoas que não sejam iguais ou dotadas de “bons” genes como as pessoas que possuem bom STATUS.

Certos membros de alguns povos, ou quase todos os povos, têm ideias de superioridade genética levando a discriminar outras nações. Evita-se até casamentos com pessoas de outras culturas para não “sujar” o código genético “bom”.

A eugenia então pode ser praticada de várias formas. Pessoas podem querer casar com pessoas que tenham a mesma cor de pele, as mesmas ou inteligências parecidas, enfim, biótipos parecidos. Há aquelas que descartam pessoas que possuem biótipos desiguais. Quanto ao último era muito comum a não mistura entre brancos e negros, por exemplo. A eugenia é uma ciência preconceituosa e muitos ainda a usam para criarem mecanismos seletivos étnicos por puro preconceito.

Chegamos ao ápice do tema e da resolução: até quando é possível afirmar categoricamente que ambientes conturbados possam gerar pessoas neuróticas delituosas?

Existem dois tipos de neuroses, por assim dizer. O neurótico “controlado” que bate numa mesa e descarregar a fúria momentânea, devido, por exemplo, a uma discussão. O superego (é a censura da sociedade e a cultura impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente os seus instintos e desejos) impede-a de esmurrar o ofensor. Já o neurótico delituoso consuma a vontade e esmurra o ofensor. A diferença está que um atua sem o aval do superego - com suas leis e diretrizes de comportamento social – enquanto o outro dá voz a sua raiva e desejo de vingança não se importando com as leis. Na verdade os dois são neuróticos. E o que é ser neurótico ou neurose?

Neurose é um mecanismo de defesa. Quando os impulsos do id (conjunto de energias psíquicas que determina os desejos do sujeito) não conseguem ser devidamente sublimados, fazendo com que as repressões, do superego ganhem expressões, isto é, dominem, elas surgem como deslocamentos doentios através de conversões, compensações, projeções, racionalizações. A angústia, a ansiedade e as fobias são, em geral, os principais sintomas.

Freud disse que os valores sociais criam neuroses diante de conceitos deturpados à sexualidade do ser humano. Em uma época onde os pés de cadeiras e mesas eram cobertos por meias para não lembrarem o objeto fálico do órgão sexual masculino se tem uma ideia do grau doentio da mentalidade da humanidade do final do século XVIII e início do século XIX. A sexualidade humana era reprimida em todos os segmentos da vida de um ser.

A sociologia junto com a psicologia e estudos genéticos atuais afere que o meio atua, mas não é determinante para a personalidade do ser. Em outras palavras, pessoas que nasceram em ambientes desprovidos de meios educacionais coerentes serão futuros transgressores dos direitos humanos e, os que nasceram em ambientes fraternais serão futuros cidadãos benevolentes ao sofrimento alheio.

Tanto é que se vê na atualidade que pessoa de família socioeconômica e equilibrada emocionalmente acaba se deparando mais tarde com um filho criminoso, sádico. E em famílias cujos recursos socioeconômicos são minguados e vivem em área de “risco” acabam tendo filhos altruístas e solidários. Por que disso?

Porque cada qual nasce com uma personalidade. O meio atua, mas não determina.

Logo se chega à conclusão que jamais se deve tomar pelas aparências no contexto de verificação de personalidade de uma pessoa. Se assim for usaremos o conceito de que um negro furtou, logo todos são elementos potencialmente perigosos à sociedade; e se um branco furtou dever-se-á ter ideia que todos os brancos são também perigosos à sociedade. O que dizer, então, que pais emocionalmente equilibrados (empáticos) gerarão filhos também empáticos, e, dessa premissa, o filho (a) é um bom partido. Pode-se usar isso como conceito verdadeiro?

É hora de mudar conceitos que de nada constroem para uma vida saudável entre os seres humanos. É preciso, sim, sondar o indivíduo, pois ele é único em sua personalidade e caráter. Não um aglomerado genético determinante.


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