O eterno inferno, o diabo e o doce deleito do ser humano
Imagine colocar meias nos pés da mesa. Sim. Foi assim em pleno século IXI.
O pudor era tanto que os pés da mesa (objeto fálico) lembravam o pênis.
Essa idéia perdurava desde quando a igreja católica ainda tomava conta do mundo e das mentes das pessoas.
Sexo era coisa do demônio – e pensar que ainda há pessoas que pensam assim – assunto proibido entre os casais – imagine o marido querendo falar palavras calorosas para a mulher, e não podendo (por isso muitos procuravam bordéis e prostíbulos).
Mulher, então. Coitada. Imagine que as mulheres foram caçadas pela Santa Inquisição. Mulher era sinônimo de figura de Satã.
Séculos e séculos houve repressão sexual na sociedade ocidental.
Sexo era só para procriar.
O que custou essa repressão sexual? Podem tentar tolher os instintos, mas estes não são controlados, pois fazem parte da sobrevivência e saúde humana.
A mulher foi a que mais sofreu com a repressão sexual (eram imagens de Satã – na própria bíblia há passagens de que a mulher tem o “poder” de virar a cabeça dos homens).
Serviçal ao homem tinha que seguir as ordens dele. Os casamentos duravam pela imposição da sociedade – mulher só é sinal de problema.
A demonstração de afeto numa relação sexual da mulher ao homem era um possível sinal que estava traindo-o (a criatividade da mulher era suplantada e qualquer inovação era um possível ato de infidelidade).
Sexo anal na mulher? Nossa. Pecado triplo.
A mulher do século XIX, basicamente, se enquadrava em dois perfis, quando no melhor do sentido era tida como um enigma - frágil, sensível, dependente, assexuada e passiva - e, no pior a tinha como um diabo - representação de uma organização física e moral facilmente degenerável, dotada de excesso sexual que devia ser controlado (NUNES, 2000). Segundo a autora, para alguns pensadores, inclusive Freud, a visão da sexualidade feminina normal é aquela herdada do Iluminismo, isto é, passiva e doce, dotada de menor agressividade e debilidade sexual, com tendência masoquista. E isso, aos poucos, acabou por vincular essa dualidade, presente na economia libidinal da histérica, às mulheres de modo geral, e transformou a sexualidade feminina num enigma, e a mulher numa ameaça.
Sigmund Freud analisou e chegou à conclusão que o homem imaginava a coexistência da feminilidade na mesma mulher como boa, passiva, amorosa, castrada, masoquista, de um lado; e seus componentes destruidor, potente, fálico, castrador, sádica.
Essa era mentalidade que se tinha da mulher, repito, pela mentalidade distorcida e divulgada pela igreja católica (não estou acusando a religião em si, menosprezando ou qualquer idéia de criar uma imagem péssima dela, porém, estou divulgando acontecimentos históricos).
Vários problemas psicológicos surgiram pela repressão sexual nas mulheres e até nos homens.
Somente no século XX, meados da década de sessenta, graças, infelizmente, a segunda guerra mundial e entrada dos EUA na guerra, que a mulher passou a ser requisitada para trabalhos ditos “masculinos”. Encher o cartucho de bala com pólvora, apertar parafuso de avião, pequenos consertos nos blindados etc., foram primordiais para a deterioração da imagem anacrônica da mulher de um ser inferior na espécie humana.
O eterno inferno, o diabo e o doce deleito do ser humano
2009-04-25T09:11:00-07:00
Unknown
sexologia|
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