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Trânsito Escola

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Laranja mecânica: a lavagem cerebral.

Laranja mecânica: a lavagem cerebral.
Já ouviram falar em reflexo condicionado? Persuasão?
Reflexo condicionado é formado por associação a um acontecimento.

Persuasão é capacidade de levar a uma pessoa a acreditar em algo.

Há várias maneiras de persuadir e incitar a aceitação de um pensamento.
A primeira é quando a pessoa está frágil emocionalmente, seja pela perda de uma pessoa, emprego etc.
A segunda é de forma bruta: tortura a pessoa e depois dá a ela algo que a acalme de forma que aceite como “salvação” ou sendo bom.

Nos acontecimentos diários as pessoas ficam meio frágeis diante dos imprevistos. E isso pode ser um prato cheio para os pescadores desiludidos – por assim dizer.
Nunca na história humana se fez tanta lavagem cerebral nas pessoas. Seja na religião, política, comércio etc.
E como funciona?

Vamos abordar a falta de segurança pública e a violência resultante disto. As pessoas querem se proteger a qualquer custo. Pagam “apoio” de bairro, seguranças de firmas especializadas. A mídia relata a violência diária. As seguradoras exploram o medo coletivo. Há uma verdadeira confusão de pensamentos, mas o medo impera e há a necessidade de aplacar o medo imediatamente: segurança.
Mas de maneira nenhuma se mostra uma solução para isso tudo. Só mostram como se defender da violência: dirigir com vidros fechados; blindar o carro; deixar de andar em locais a certas horas da noite; comprar spray de pimenta etc. Pronto. As pessoas estão “protegidas”.
Tim Tones (um dos personagens de Chico Anísio).

Os métodos de persuasão são os mais elaborados possíveis. Lembro-me que visitei várias igrejas evangélicas. Algumas gostei por dar valor a pessoa e não ao que ela possuía.
Um método de persuasão eficiente foi usado. Como conheço alguns métodos notei logo. Começaram a rezar. Depois de certo tempo o pastor mandou passar a sacolinha. Enquanto isso ele falava como ótimo orador (divertido, pausado, observador). Uma obreira se aproximou de mim, mas não dei nada. As obreiras de sacolinhas retornaram para os respectivos lugares – perto do pastor. Este mandou todos se sentarem. Começou a orar e agradecer aos que doaram alguma quantidade de dinheiro. Depois mandou as pessoas que doaram se levantarem. Pronto. Levantaram as pessoas que doaram. Eu e algumas pessoas ficamos sentadas – os sovino de Deus.
O pastor mandou os que estavam de pé se sentarem. Mais uma vez as obreiras de sacolinhas passaram. Quem não doou na primeira vez deu algum dinheiro. Eu já ia meter a mão no bolso quando deu aquele insight - compreensão interna, compreensão súbita, apreensão súbita, visão súbita, discernimento.


Nossa. Quase cai. Mas vi com deslumbro uma pequena técnica de persuasão sendo posta em prática.
Venda. Seja amigo e persuasivo.
Uma amiga tentou me vender certo produto. Parecia magistralmente promissor.
Começou assim: “comprando isso você terá a chance de formar uma rede. É assim. Você terá o produto e formará um grupo de amigos para que estes formem outros grupos. Assim você ganhará sobre todos: a rede.
Fiquei pensando nas possibilidades. Sonhei como criança a querer comprar o que não tinha. A possibilidade estava na minha frente. Mas notei recursos persuasivos de forma maciça.
Uma foi assim: “imagine você sendo um instrumentador cirúrgico, mas acontece um acidente; você fica sem os movimentos da mão. Como irá trabalhar, e manter o seu padrão de vida que pretende?”
Explorou o meu medo. Na época eu era instrumentador cirúrgico.
Como explorou? De forma amigável saiu perguntando sobre minha vida: em que trabalhava, gostava de comer, locais que queria ir etc. Uma entrevista amigável, mas cheia de intenções: persuadir e me levar a comprar, fazer parte da rede de vendas.
Que extasiante foi duelar psicologicamente com essa amiga. Esgotei todos os recursos, de forma calma, disponíveis.


Quando o orador quer persuadir usa recursos: descontração, realismo dos fatos vigentes, medos coletivos, forçarem as pessoas a não pensarem. Sim. Agilidade. Não se permite que a pessoa – vítima -, pense por ela mesma. Conversas demasiadamente longas e metódicas tendem a cansar o cérebro do ouvinte e fazê-lo a desistir. Há a necessidade de manter a mente concentrada no que se deseja. Por isso as reuniões são curtas e fazem a pessoa a aceitar logo para não perder a oportunidade.
Citei alguns exemplos de persuasão. Por isso é sempre bom ler, pesquisar, argumentar, explorar o limite. Nunca aceite algo sem pensar com lógica.

Posso exemplificar a questão da violência e a crescente indústria de segurança. As pessoas estão tão amedrontadas que esquecem o óbvio: tudo é uma farsa. Como?
A competência de segurança pública é dos nossos administradores públicos (políticos). De nada adiantará contratar segurança e comprar tecnologia antifurto se não há contenção e desarmamento dos traficantes. Além disso, há a necessidade de inclusão social, oportunidade igual, acabar com os guetos, controle na proliferação de edificações desordenadas, leis que acabem com os privilégios de nossos administradores públicos etc.
É um ciclo interminável.
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